sábado, 20 abril, 2024
Edificando a casa

Há pouco tempo chegou ao meu conhecimento um fato triste, como tantos outros veiculados, diariamente, pela mídia. A filha de uma grande amiga, casada há mais de 20 anos, esforçou-se, juntamente com o marido, para construir a casa dos sonhos, mesmo que já tivessem uma boa casa construída logo após o casamento. Os filhos já grandes, o casal tendo bom poder aquisitivo foi à luta e comprou um terreno em condomínio de luxo.
Entusiasmados, os dois logo aprovaram o projeto de um bom arquiteto, obtiveram licença do departamento de obras da prefeitura, assinaram o contrato com o engenheiro responsável pela construção da obra. Cada semana o sonho se tornava em realidade. Casa pronta, ambiente acortinado com mobiliário moderno, belo jardim com piscina – um pedacinho do céu! Juntando beleza e harmonia acabou sendo capa de revista de decoração. O fato triste: o bom companheiro de tantos anos engraçou-se, dentro da empresa, com uma envolvente médica; as labaredas da paixão cresceram rapidamente dentro dele, como é comum acontecer no coração descuidado de um homem.
Apressado fez tolice – exigiu do antigo amor o divórcio e a partilha dos bens, inclusive a venda da atual propriedade; tudo isso aconteceu diante dos filhos que se negavam a acreditar na chocante realidade. A casa dos sonhos se desfez como castelo construído na areia pelas ondas fortes do mal. Na verdade, a felicidade do lar não se edifica com material de construção, a casa sim. Existe a casa construída pelas mãos humanas, mas para viver bem nela temos de edificar também a casa moral e espiritual chamada lar, edificada pelas Mãos de Deus.
O essencial é invisível aos nossos olhos, é essa essência espiritual de virtudes que Deus exige na edificação do lar, onde temos a unidade familiar que nos permite suportar as tempestades da vida e acalmá-las com fé, amor, compreensão e perdão. Salmo 127: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”. Saindo das compras de um supermercado deparei com o sorriso de um rosto amigo que há muito não via, e como não podia deixar de ser, rimos muito das situações hilárias do passado, trocamos novidades do período que nos distanciamos, e no meio da conversa saiu essa pergunta: “Você sabe que eu tenho três filhos e seis noras?” No momento fiquei um tanto surpreso, mas logo entendi que isto está socialmente na moda, resultado dos laços frouxos do matrimônio que facilitam a separação dos casais em busca de uma nova união. A causa da insatisfação no casamento se dá mais pelo que não somos do que pelo que não temos.
O Home Office, tão utilizado atualmente, dá comodidade, porém, o tempo e o espaço familiar são disputados com os do trabalho, não acontece variação de ambiente. Com o tempo, o equilíbrio emocional torna-se instável devido o confinamento e exige mais participação presencial fora do lar; após o trabalho, os sete anões cantavam felizes ao voltar para casa e ver a Branca de Neve, um bom exemplo. Em Mateus 7: 24-29, Jesus diz que além da casa construída pelas mãos humanas o homem prudente a edificou, também, sobre a Rocha espiritual – Jesus Cristo; no entanto, o insensato sobre a areia humanista; tanto numa como na outra sopraram, com ímpeto, ventos tempestuosos, a da rocha resistiu e a da areia desabou, sendo grande a sua ruína.
As duas foram construídas tendo habite-se de adequadas para moradia, no entanto, o habite-se principal é o espiritual, um lar feliz e abençoado por ser guiado pela Palavra de Deus. A maioria dos lares do mundo se acham tão vazios de Deus que se desfazem no “nada” da areia pantanosa do erro e do pecado, igual à letra da música “A Casa”: Era uma casa muito engraçada./ Não tinha teto, não tinha nada./ Ninguém podia entrar nela não,/ Porque a casa não tinha chão./ Ninguém podia dormir na rede,/ Porque a casa não tinha parede./ Ninguém podia fazer pipi,/ Porque penico não tinha ali./ Mas era feita com muito esmero,/ Na rua dos bobos, número zero.

Dr. Mauro Jordão é médico ginecologista.

1 Comentário

Diana 9 de dezembro de 2021 at 14:28

Lendo o texto sem saber de quem era o autor ,no final pensei que autoria viria de um pastor,de um padre ou de alguém que trabalhe com a religião Mas gostei mais ainda do texto ao descobrir quem era o autor,parabéns texto perfeito irei compartilhar muito.

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