Bons tempos aqueles em que o sêo José cuidava da segurança do condomínio! Não havia necessidade de câmeras, alarmes ou sistemas de monitoramento para autorizar a entrada dos amigos dos meus filhos quando iam ao nosso apartamento fazer trabalhos escolares. Aquele porteiro simpático conhecia todos os moradores pelo nome, estava sempre atento a tudo e, às vezes, ficava de pé do lado de fora da guarita para abrir manualmente o portão de veículos, quando o motor emperrava.
Provavelmente, sêo José já tenha se aposentado, mas, se estivesse na ativa, teria dificuldade de se adaptar às portarias dos condomínios modernos, bem maiores, onde, para começar, o porteiro raramente é visto. Agora, ele fica isolado em cabines com vidros blindados e visibilidade controlada, que possibilitam uma visão plena de quem está dentro da guarita, mas dificultam a observação de quem está no lado externo. Seu papel é estar atento ao movimento da rua e gerenciar o acesso e a saída de pessoas e veículos.
Hoje, a maioria dos portões é controlada por tecnologias como tags, cartões, equipamentos de controle de fluxo, catracas, cancelas, portas automatizadas, biometria e leitura facial, com ou sem o apoio de modelos de gestão de portaria remota. À frente dessa infraestrutura, são necessários sistemas integrados que garantam a rastreabilidade e obedecem a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), assegurando o gerenciamento eficiente dos registros de entradas e saídas.
Enquanto você lê este texto, algum síndico deve estar sendo cobrado a incrementar a segurança do condomínio que administra e que não tem possui esses recursos. Afinal, não faltam exemplos de situações recentes na Imprensa, mostrando empreendimentos, construídos para proteger seus moradores, totalmente vulneráveis. Nesses casos, recuperar a sensação de segurança torna-se um grande desafio.
A escalada do crime, cada vez mais organizado, obrigou os condomínios a reforçarem seus recursos humanos, materiais e tecnológicos, atuando fortemente no controle de acesso – que às vezes até nos incomoda -, mas que é fundamental, e o monitoramento por imagens. Não basta contar com circuitos de câmeras e alertas perimetrais; é preciso inteligência na gestão, incluindo a Inteligência Artificial (IA), já adotada por plataformas modernas voltadas para condomínios, que promovem ações de resposta antes de uma eventual invasão a uma área monitorada.
Embora esse avanço enfrente alguma resistência, ele se apresenta como uma solução viável para reduzir custos de mão de obra e oferecer proteção reforçada para quem vive e trabalha em condomínios, tal como ocorreu em outros setores. Foi assim que assimilamos os avanços no sistema bancário, em que a tecnologia hoje é operada pelo próprio cliente, que realiza sozinho grande parte das operações, como consultar saldo ou pagar um boleto, uma inovação que reduziu drasticamente o número de funcionários nos bancos.
De alguma forma, isso ocorre em muitos condomínios, que já nascem com tecnologia embarcada. Neles, o papel do condômino ganha maior relevância, embora a sua participação efetiva seja fundamental em todos os condomínios, afinal, trata-se da segurança e bem-estar de todos.