A convocação foi colocada impressa na caixa de correspondência dos apartamentos, enviada por e-mail, postada no portal da administradora, e ainda estava disponível no aplicativo do condomínio e no elevador. Mas foi o grupo de WhatsApp dos condôminos que teve maior alcance na comunicação sobre a notícia da nova assembleia extraordinária para a eleição de síndico do condomínio, o que gerou inúmeros comentários, dúvidas, críticas e até ataques pessoais.
Aquela bem que poderia ser uma assembleia normal, mas imagine que fazia apenas uma semana que os condôminos haviam escolhido o novo síndico, que algumas horas depois de eleito desistiu de assumir o cargo alegando motivos pessoais. A desistência foi creditada pelos vizinhos à imagem de que o síndico arrependido “teve conhecimento do tamanho do abacaxi que iria ter de descascar” ou então, “não havia consultado a mulher, antes”. Qualquer que seja a justificativa ela revela o peso do cargo de síndico nas relações de condomínio e nas vidas das pessoas que o assumem.
É bom que, antes de dar o primeiro passo, aquele que se dispõe a assumir a função saiba que estará suscetível a uma série de abordagens de condôminos que expõem com tolerância mínima sua insatisfação com pequenos problemas do dia a dia ou com outros, bem maiores, até crônicos, que atravessaram várias gestões no condomínio.
Um síndico morador terá de abrir mão de parte de seu tempo para verificar o andamento das rotinas operacionais, execução da previsão orçamentária e solução de conflitos e ainda correr o risco de ser tratado como funcionário do condomínio.
Um síndico profissional semeia a expectativa de que sabe lidar com os problemas que mais impactam a vida do condomínio, com isenção e planejamento, e que, rapidamente, terá pleno controle das atividades, atuando como um maestro. Nos dois casos, o plano de ação e o alinhamento das expectativas com os conselheiros e demais condôminos, desde a assembleia, podem determinar como será o primeiro período de convivência. Nesta fase, ainda há um sentimento comum de esperança de que o condomínio, enfim, possa estar em boas mãos.
Por isso, é fundamental o síndico ter clareza sobre as medidas iniciais ao assumir o comando, em que tempo avaliar a equipe direta e os fornecedores, analisar a necessidade de promover mudanças de rota e de que forma manterá todos devidamente informados, cada um no seu universo de responsabilidade e interesse.
Não se iluda. Isso não é tarefa fácil, porque os meandros do condomínio escondem muito mais do que rotinas de operação e manutenção; gestão de contratos e de finanças. Os problemas e conflitos de todos os tipos surgem de todos os lados. Nesse cenário, e diante de uma parte considerável de condôminos que adquiriram o apartamento na planta e nem tinham ideia do que era viver em condomínio, caberá ao síndico fazer cumprir uma série de regras e normas. Cabe ao síndico, personagem estereotipado de uma relação de convivência que está cada vez mais comum nas grandes e médias cidades, inclusive as do Alto Tietê, atuar para que o condomínio seja o mais próximo possível do reino encantado que um dia foi prometido aos compradores, num estande de vendas.