sexta-feira, 21 março, 2025
Religião High-Tech

Numa roda de conversa um pastor de igreja comentou sobre o entusiasmo de um colega de pastorado, ao encontrá-lo, em dizer que havia testado a inteligência artificial, agora introduzida no celular, sobre determinado assunto para preparar um sermão, e qual não foi sua surpresa ao checar o conteúdo e ver que veio tudo pronto para ser usado. Hoje, esses apps de pesquisa nos poupa tempo na busca do conhecimento, diferente do passado, quando não dispúnhamos de aplicativos nem da IA. Era longo e exaustivo o caminho que nos levava ao saber, porém, quem sabe essa procura didática alongada gravava por mais tempo em nossa mente do que aprendemos hoje.
Temo que essa encantadora resposta que teve o pastor num rápido momento, cativá-lo de tal forma que venha a falar mais de púlpito do que tem em conexão com a internet do que tem aprendido aos pés de Jesus em santificação e na unção do Espírito.
Segundo Sir Arnold Toynbee, historiador britânico, em suas análises das civilizações do mundo, argumenta que as sociedades bem-sucedidas têm alguma espécie de consenso religioso. Quando se perde esse consenso, novos objetos de culto se apressam a preencher o vazio espiritual. Quando uma sociedade perde sua fé transcendente, ele afirma, ela se volta a três alternativas, a que ele chama com franqueza “idolatrias”: o nacionalismo, o ecumenismo e o tecnicismo. O nacionalismo dedicado à “comunidade paroquial deificada” em lugar da fé transcendente universal. Exemplos como o fascismo de Mussolini, o socialismo nacional de Hitler e grupos de interesses militantes que fervem de hostilidade mútua. O ecumenismo se molda como o “império ecumênico deificado” que idolatra a unidade mesmo havendo diversidade, no caso, reunindo todas as religiões numa Igreja Única Universal.
Um consagrado pastor, após longo pastorado, se dizia ser, infelizmente, o mais ecumênico de todos os ecumênicos. Roma deixando a adoração dos deuses do seu vasto império instituiu culto divino a Cesar. Por fim, o tecnicismo é a “idolatria do técnico invencível” afirma Toynbee, devido a tecnologia se desenvolver tanto assume as funções de uma religião, por achar possuir onipotência e onisciência. Desde a Idade Média a razão tem se preocupado em derrotar a fé.
Darwin com o Evolucionismo, na ciência; Voltaire nas Letras apregoando o Ateísmo; Marx, escritor russo, na ideologia política de alcançar um mundo perfeito sustentado pelo Estado e Freud, o pai da Psicanálise, todos eles introduziram em suas pesquisas a Psicologia Moderna, conseguindo, assim, desviar a consciência coletiva do Deus da Bíblia para o deus do eu. Em qualquer época que as pessoas tentam derrubar Deus da vida nacional, elas encontram um substituto patético para preencher o vazio. Na Antiguidade eram os ídolos esculpidos pelas mãos humanas, e hoje, não é tão diferente do passado, há uma lista quase inesgotável de coisas que as pessoas adoram em vez de Deus.
Na atualidade, a ciência a e a tecnologia estão em voga. Ninguém duvida que a tecnologia esteja mudando profundamente nosso jeito de viver. Muitos progressos tecnológicos são inquestionavelmente benéficos. Mas, existe um lado negativo na paixão pela parafernália eletrônica, principalmente do celular, ocupando o coração do homem em sua busca prazerosa de entretenimento, bem como de conhecimento, sem medir o tempo de uso, tornou-se um dependente dele, como um viciado, tendo até síndrome de abstinência quando não tem condição de usá-lo. Idolatrado como um deus tornou-se uma religião high-tech (de alta tecnologia), uma multidão de seguidores obedece os seus “mandamentos” quanto ao modo de vestir, de comer, de morar, onde estudar, o que ler, onde comprar, onde se divertir, roteiros turísticos, guias de endereços nas cidades e nas rodovias, academias para modelar o corpo, e mais sem fim. Agora, também, de mãos dadas com a inteligência artificial.
Estamos perdendo a criatividade pela facilidade de informação. Os avanços tecnológicos do homem estão limitados por Deus, a fonte de toda sabedoria, e desta fonte Ele sacia gradualmente a sede do homem pelo conhecimento através das eras desde a criação do mundo.

Dr. Mauro Jordão é médico ginecologista.

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