Tivemos uma época quase sufocante em termos de informações. Notícias se multiplicam por inúmeros meios e chegam a incontáveis destinatários, que precisam lidar com elas de algum modo. Esse fenômeno apenas intensifica um antigo problema humano: o excesso da fala. Quase todos sentem a necessidade de comentar, repassar, opinar — e, a cada dia, parece haver menos critério nisso. O resultado são distorções, ruídos e mentiras.
Ao mesmo tempo, dedicamos cada vez menos tempo ao silêncio — aquele que nos faz ouvir, ler, refletir e filtrar antes de nos manifestarmos. Quando falamos demais, aprendemos pouco; mas quando ouvimos e analisamos com cuidado, aprendemos muito mais.
A comunicação é essencial à natureza humana. Desde cedo aprendemos a falar e, com o tempo, passamos a gostar do som da própria voz. No entanto, também precisamos aprender a calar. No livro de Eclesiastes, o sábio Salomão ensina que há “tempo de falar e tempo de calar”. A verdade é que quem fala muito tende a errar mais.
Não precisamos opinar sobre tudo. Há sabedoria em reconhecer nossos limites e aceitar que o silêncio pode ensinar tanto quanto a palavra. Se a fala é de prata, o silêncio é de ouro.
Aprendemos com os homens, mas muito mais aprendemos com Deus, especialmente quando, em silêncio, contemplamos as maravilhas da criação e ouvimos Sua palavra — “viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes, apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4:12).
Jamais deixaremos de falar, pois isso é próprio da nossa essência, sendo que a fala tem o seu lugar e é muito importante para a edificação de todos, quando revestida de discernimento. Mas, em tempos de enxurradas desmedidas de opiniões e palavras, que possamos reencontrar, no recôndito do silêncio, um abrigo seguro — e nele, o princípio da verdadeira sabedoria.



