Parece que quanto mais avançamos no tempo, mais líquida fica a relação entre marido e mulher. Uma relação que deveria implicar dos maiores compromissos da vida, mas que, atualmente, muitos casais modernos já partem para ela pensando num plano B, para o caso de separação.
Lembro-me do comentário de um amigo, às vésperas do casamento da filha, no qual ele a aconselhou a ser independente em todos os sentidos e falou mais ou menos assim pra ela: “olha, filha, você vai-se casar em breve, mas não se prenda por isso: se o sujeito lhe incomodar nalguma medida, não hesite em lhe dar o fora, mas pra isso, você precisa ser, totalmente, independente, não se esqueça!”. Ou seja, um pai aconselhando a filha sobre uma eventual separação, mesmo às vésperas de seu casamento.
O conselho correto seria: “filha, case-se e invista o máximo em seu casamento, seja a melhor mulher possível, transija quando necessário, ande a segunda milha, ame de verdade, e nunca pense em romper esse laço sagrado!”
O casamento foi instituído por Deus, que assim determinou: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.” Gn 2:24. Ou seja, o compromisso é de uma profundidade tal que já não serão dois, mas um só, e, portanto, o que Deus uniu, ninguém separe, conforme Mateus 19:6.
O alicerce do casamento deve ser, assim, o amor, cuja grande referência é o amor maior, de Cristo. Quando se pratica esse amor, não se agride, não se faz a crítica ácida, não se exaspera, mas se é transigente, sereno, compreensivo, acolhedor, e isto tudo vivenciado na reciprocidade sempre produz bons frutos e implica um casamento que é pra vida toda, até que a morte separe.
Mas as circunstâncias da vida, muitas vezes são traiçoeiras, e nos surpreendem até a partir de boas ocorrências, como a vinda dos filhos, por exemplo. Como um amigo costuma dizer: “filhos são sempre muito bem-vindos, mas nunca o centro do lar!” Quantos casais não se perdem por conta do “filhocentrismo”; enfraquecem sua relação por supervalorizar o filho; muitos casais admitem o mesmo na família como até um pequeno déspota, o qual depõe muito contra o matrimônio saudável.
Portanto, não devemos permitir que circunstância externa alguma, mine as bases do mais importante compromisso que um casal assume: nem pai, nem mãe, nem filho, nem amigos, nem ninguém: são todos queridos e muito bem-vindos, mas o cônjuge sempre deve vir primeiro. Que Deus tenha misericórdia e nos abençoe em nossas uniões matrimoniais segundo o Seu santo modelo!