sábado, 27 abril, 2024
Lipedema: a doença que se confunde com obesidade


Recebo na clínica vários pacientes com queixa de obesidade ou sobrepeso, muitos deles que já fizeram todas as dietas possíveis e, ainda, praticam exercício físico regularmente. Porém, não obtêm um resultado satisfatório no emagrecimento, o que afeta bastante sua autoestima. O que poucos sabem é que aquele perfil corporal em “pêra”, com acúmulo maior de gordura na região do glúteo e pernas, pode estar associado a uma patologia chamada lipedema.
Trata-se de uma doença progressiva, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, braços, joelhos e coxas. Ela acomete quase que, exclusivamente, mulheres e é desencadeada por momentos de desequilíbrio hormonal. Entre as queixas mais frequentes estão: dor nas pernas (principalmente à palpação), dificuldade de mobilidade, edema (inchaço) e hematomas frequentes. Pode ainda haver associação com outras doenças, como insuficiência venosa crônica, linfedema e obesidade.
O acometimento é mais comum do que se imagina. O quadro costuma ser confundido com obesidade e, por isso, nem sempre é tratado adequadamente, o que gera uma grande frustração diante do tratamento de obesidade. Afinal, mesmo emagrecendo não há um resultado satisfatório nas regiões afetadas. O lipedema é classificado em cinco tipos, de acordo com as áreas afetadas, além da classificação dos estágios.
Além disso, a doença pode ser hereditária, portanto, não é possível preveni-la, de forma que mulheres de uma mesma família tendem a desenvolver esta condição. Por isso, é preciso ficar atenta aos sinais de seu desenvolvimento.
Existem alguns momentos da vida da mulher, que são mais propensos a isso, como: puberdade, gravidez e menopausa, especialmente porque sua origem vem do sistema endócrino (o que sabemos é que as células de gordura desses locais têm algum receptor de hormônio diferente de outras partes do corpo).
O tratamento deve ser multidisciplinar com nutricionista, endocrinologista, cirurgião vascular e educador físico. Envolve mudanças na alimentação, prática de exercícios de baixo impacto, uso de meia compressora, drenagem linfática e tratamento voltado para a parte hormonal.

Dra. Vanessa Ramagem é médica, com pós-graduações em Endocrinologia e Nutrologia, e diretora do Instituto Vanessa Ramagem.

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