sexta-feira, 26 abril, 2024
O fim da beleza

O homem quer moldar o mundo conforme sua mente humanista. O surrealismo reflete o delírio onírico da arte moderna. A arte tem um rosto que personaliza e emite sentimento. O conceito de ser intelectual é de quem aprova o que não entende e que finge ver o que não existe das pinceladas disformes daquele que se intitula como artista, expondo na tela o feio e o grotesco do caos interno da sua mente perturbada. Numa bienal a maioria do que se acha em exposição, chamada de arte, está despida de sentimento e beleza, frustrados ficam os seus criadores por não conseguir chocar o público. Querem que a opinião pública consiga ver a “roupa nova do rei” invisível por não existir.
Uma grande pedra exposta no salão de uma Bienal não pode ser apreciada como arte, antes precisa ser esculpida pelas mãos do artista. Será que o mundo decretou o fim da beleza? Deve existir discernimento no curador para catalogar o que é arte e o que é picaretagem. Há em todos nós um sentimento estético de beleza. Sabe por quê? Porque o nosso Criador, Deus, nos fez à sua imagem e semelhança, e todas as coisas criadas por Ele, e nenhuma deixou de ser, tem a sua marca estética de perfeição e beleza. Fractal reproduz e mantém a beleza de modo perfeito como fez Deus.
Eduardo Kobra, bom desenhista e hábil pintor realista, desenvolveu uma técnica original de muralismo que expõe para todos na paisagem urbana sua arte cheia de harmonia e beleza, resgatando a memória da cidade de São Paulo. Como é agradável olhar o belo que surge das mãos do Kobra, arte que nos dá uma mensagem de paz, mesmo vivendo na agitação de um mundo apressado. Jesus nos convida a observar as aves do céu: a sua plumagem multicolorida e o seu canto melodioso. E mais: Ele diz olhai os lírios do campo que nem Salomão em toda sua glória se vestiu como qualquer deles.
Na Criação, as mãos do artista supremo, Deus, criou a arte viva com a exímia capacidade divina de produzir beleza usando na fauna e na flora a cor, a reta e a curva. De todas, a arte mais expressiva é a arte de amar. O amor é um sentimento que se aprende, assim como o ódio. Devemos ensinar a criança a gostar do seu brinquedo a fim de apagar do seu coração a chama da destruição daquilo que a faz feliz, mesmo após se tornar adulta. Triste é saber que muitos pais palestinos ensinam a arte de odiar na mente dos filhos, ao instruí-los, desde cedo, a jogar pedras nos judeus próximos da fronteira.
Amar a vida é a moldura emocional que faz nosso olhar apreciar em profundidade a beleza e a perfeição de todas as coisas criadas por Deus. Quem tem esse sentimento respeita a vida e constrói o bem, porém quem aprendeu a arte do ódio, como Putin na KGB, tenta destruir a historia de uma nação livre: sua cultura, sua arte e sua beleza. Mas o patriotismo do povo ucraniano ele nunca conseguirá extinguir enviando seus mísseis.
Despida de qualquer vestígio de beleza da arte do passado, Brasília, criada pelo famoso arquiteto e urbanista Lúcio Costa, considerada uma grande obra de arquitetura moderna do século XX, não tem vida. Paris, em seu urbanismo vivendo a herança do passado: prédios decorados com lindas fachadas, gente nas mesinhas na calçada fora dos restaurantes, ruas do comércio bastante movimentadas, artistas amadores alegrando as tardes com seus talentos. Paris tem alma, Paris tem vida. Brasília não agrupa, separa as pessoas, para se locomoverem usam veículos, tudo é longe para estimular alguém a andar.
Federico Fellini, diretor de cinema italiano, em entrevista foi pedido que definisse a beleza por ter dirigido a atuação de muitas artistas famosas: “A reta é a menor distância entre dois pontos, porém, é na curva que se acha a beleza”. Infelizmente, o pragmatismo pós-moderno está nivelando a curva do prazer numa reta insípida de lucro financeiro. A curva de mãos dadas com a reta, se oferecendo ao talento cheio de poesia do artista, nunca permitirá o fim da beleza. A beleza revela a harmonia do Criador na criação.

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Dr. Mauro Jordão é médico ginecologista.

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