sexta-feira, 26 abril, 2024
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento extremamente bem pesquisado e com validade superior a maioria dos transtornos mentais e superior, inclusive, a muitas condições médicas, segundo a AMA Concil for Scientific Affairs.
Diz respeito ao desenvolvimento alterado nos mecanismos que regulam a atenção, a atividade e a reflexibilidade, ocasionando sintomas de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade. Diz respeito, em todos os casos a falta de dopamina.
Geralmente a criança com TDAH é muito carinhosa e fácil de lidar. Quando encontramos outro perfil, precisamos pensar se há comorbidade com algum outro quadro como, por exemplo, o TOD (Transtorno Opositor Desafiante) ou TC (Transtorno de Conduta). A taxa de comorbidade com outros transtornos mentais é alta, chegando a 70% dos casos. As comorbidades mais comumente encontradas em casos de TDAH são: tiques, TOD, Transtornos de Humor, TC e Ansiedade.
A prevalência, em crianças com idade escolar é de 3 a 7% da população, sendo mais comum em meninos do que em meninas (4:1), estando dividido da seguinte forma: 50 a 75% de tipo combinado, 20 a 30% de tipo predominantemente desatento e menos de 15% de tipo predominantemente hiperativo.
Algumas das características de desatenção são: presta pouca atenção a detalhes e costuma cometer erros por descuido, tem dificuldade em permanecer atento (concentrado) nos deveres, parece estar prestando a atenção em outras coisas quando falamos com eles, deixam muitas tarefas pela metade (inclusive param aulas de esportes porque perdem o interesse), são desorganizados, evitam tarefas que exigem muito esforço mental, esquece de fazer tarefas, perdem coisas de uso pessoal, se distraem com facilidade.
Já quando falamos na hiperatividade, temos pessoas que se mexem com frequência (sacodem as pernas por exemplo), levantam-se o tempo todo, tem dificuldade em permanecer em silêncio enquanto brincam, são muito falantes, chegando a interromper conversas alheias, respondem com frequência antes de terminarem de fazer a pergunta, tem dificuldade em esperar a vez em filas ou jogos.
Lembrando que, para fazermos um diagnóstico, são necessários um conjunto de sinais e sintomas. Sintomas isolados podem ser comuns, especialmente em crianças, e não significam que a criança tenha o transtorno. Ser um pouco desatento é normal. A falta de sono adequado e restaurador assim como a presença de outros quadros podem deixar a pessoa desatenta sem que ela se enquadre no transtorno.
É um transtorno multifatorial, ou seja, não há uma única causa. Podemos encontrar fatores genéticos (Ex. genes transportadores de dopamina), fisiológicos (Ex. prematuridade, baixo peso ao nascer, abuso de álcool ou cigarro durante a gestação) e ambientais (Ex. psicopatologia dos pais, baixa renda, dificuldades conjugais dos pais).
Para que se realize o tratamento adequado, que geralmente inclui, psicoterapia comportamental e medicação, é necessário que o diagnóstico seja feito o quanto antes, trazendo menos prejuízo social e acadêmico e melhorando a qualidade de vida de toda a família. A depender da gravidade do caso, a equipe multidisciplinar pode se fazer necessária (psicopedagogo, psicomotricista, terapia ocupacional, fonoaudióloga, entre outros). Atividade física e adequação escolar também podem ser necessárias.

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Luciana Garcia de Lima é psicoterapeuta cognitivo-comportamental (UMC e ITC), com formação em Terapia ABA (Gradual) especialista em Psicopedagogia (PUC-SP), Neuropsicologia e Reabilitação Neuropsicológica (HC-FM-USP) e Avaliação Psicológica (IPOG). Especializanda em Neurologia Clínica e Intensiva (Einstein). Mestre em Semiótica, Tecnologia da Informação e Educação (UBC). Doutoranda em Neurologia Infantil (HC-FM-USP). Atua em grupo de pesquisa em Neuropediatria voltado para TDAH e Autismo (HC-FM-USP) e é autora dos livros “A negação da Infância” e “Autismo: práticas e intervenções.“ (www.clinicassinapses.com.br).

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